“Aos caminhos, eu entrego o nosso encontro.”
Caio Fernando Abreu.
Teus olhos, decepcionados, encontraram finalmente os meus. Aquele foi o sinal de que nunca mais o teria novamente (se bem que nem cheguei a ter, mas queria).
Vida cheia, carteira vazia e muitos esforços pra sobreviver! Nenhuma novidade, até então. Viví e pronto. Números, escola, faculdade, eventos culturais, amigos, conversas longas e prazerosas. Canções! Teve de tudo nestes quase 5 anos que não nos vimos. Confesso, que nas poucas vezes que te encontrei senti imensa vontade de te beijar, assim, sem vergonha mesmo, mas me disseram que não podemos fazer isso... Ceder às próprias vontades pode ser um tanto perigoso. Fatal!
Ok, vontades a parte, encontros raríssimos, sonhos sonhados e não concretizados, acontecimentos sem importância, na maior parte dos dias, preenchem o vazio da minha existência. Novamente vivo.
A bem da verdade é que esteve sempre nos meus pensamentos, mesmo de longe, mesmo bemmmm distante, sempre habitou um pedaço, pequeno, reconheço, dos meus mais puros desejos. Acho que andei meio ocupada nestes tempos idos, também, eu nem sabia teu nome. Sabia que era diferente, e só.
Queria, naquele momento, poder encontrar alguém com quem pudesse compartilhar meus mais secretos desejos, e eis que me deparo, naquelas páginas virtuais, com um convite amistoso. Lá, naquele pedaço colorido de informação eu senti que poderia te encontrar. Achei o nome que poderia ser seu. Busquei, naquelas mesmas paginas virtuais (já havia buscado antes, mas sem saber teu nome, não consegui encontrar), você. Encontrei. Estava mais lindo que nunca. Nossa, senti a vitória correr por minhas veias.
Agora, de alguma forma fazia parte da minha vida. Tentei te encontrar e não consegui. Snif! Plus enfin, c’est la vie!
Saí, como de costume, pra celebrar a solidão em meio aos estranhos, acompanhada de algumas amigas. Falei com você, sem saber que era você. Depois soube. As idéias rolaram mente a dentro. Te vi, você nos esperava sem saber que eu estava junto, mesmo porque, quem iria imaginar que eu pudesse estar junto. Mas como eu queria que você estivesse a me esperar.
Falamos, bebemos, rimos e você se foi, assim, sem nenhum tchau, sem nada. Tudo bem, nós fomos também, mas eu dei tchau.
Outro bar, outros estranhos, muiiiiitos outros estranhos... Um pedaço do passado se apresenta e eu me alivio. Vejo que minha capacidade de destruição é bem menor do que suponho. Agradeço e fico feliz. Mas você ainda está lá, não me abandona, ainda mais depois de toda esta proximidade.
Em casa, vejo as fotos que tenho acesso (são poucas, porque te exclui daquele pedaço virtual de mundo devido as perturbações que tua imagem me causava), e te desejo.
Durmo bêbada, pensando em pegar teu numero, te ligar, te roubar pra mim, mesmo, assim na cara dura. Durmo mesmo!
Dia seguinte, ressaca mansa, desejo ardente. Brinco com sua imagem e me satisfaço, momentaneamente. Você aparece, assim, todo lindo, e eu, feliz, corro ao teu encontro. Falo, falo, falo o tempo todo, nem sei porque fiz aquilo! Você vai, mas agora, com toda delicadeza me da um tchau que fere, de leve, pois toma o lugar do convite, que desejei. Eu iria a qualquer lugar pra poder ficar ao teu lado. Você não estava com a mesma vontade.
Como sempre, preenchi meu dia com muitos atos solitários, outro dia, outro dia, outro dia... E você nem liga, nem vem, nem percebe, nem imagina o quanto estou tentando segurar a imensa vontade de te pegar pra mim...