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sexta-feira, 2 de julho de 2010

A voz do vento no silêncio do Azul


Ela era investigadora de mundo e sabia que esperteza, esperteza mesmo, não era seu forte. Apesar disso, não gostava de seguir as pistas convencionais, tinha tara pelas pistas que vinham com o vento. Ela queria saber falar a voz do vento. Já entendia qualquer coisa, mas ainda ficava perdida, bem perdida.
Todas as noites, assim que chegava em casa para o seu merecido descanso, parava frente a janela do seu quarto, que na realidade era uma sala, engolia seu dedo indicador e este lhe conectava com o vento. As vezes ele gritava, ela sorria. Noutras ele sussurrava e aquilo fazia com que todos os pelos de seu corpo arrepiassem, ela gemia. Tinha um misto de beleza e dor naquilo tudo. Ela estava aprendendo a esperar. Ainda não sabia ao certo se gostava ou não, mas aquilo, de alguma forma, lhe fazia bem.
Olhava o azul infinito e ouvia a voz do vento. Nem sempre tinha vento. Nem sempre tinha azul. O cara sem olho a olhava incessantemente. Ele conhecia seus segredos. Conhecia também os segredos do vento. Apesar de ter boca, o cara sem olho seguia em frente, calado! Nunca dissera uma só palavra. Mesmo! Ela entendia seu silêncio. E invejava. Não sabia ficar quieta, alias, sabia, mas não gostava de enganar, esconder, omitir. Achava justo que as pessoas soubessem o que se passava em sua cabeça. Ela falava tudo na-la-ta! Como dizem as más línguas. Nem sempre ela se dava bem. Na maior parte das vezes ela nãããão se dava bem! Enfim, aquele era o caminho por ela escolhido.
Seguia. Sua vida caminhava como era de costume, e, de vez em quando o vento rompia o silêncio do azul e lhe trazia novidades. Isto era, para ela, um momento mágico. Até que ela pôde perceber que lá dentro algo era modificado... vivia um momento de caos e aguardava a nova ordem. O azul a seduzia de tal forma que as vezes ela chegava a ver nele o brilho do verde. Ela sorria novamente e aguardava ansiosa a próxima pista no vento.

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