como sinto tudo!




Páginas

Por dentro do chapéu

Powered By Blogger

domingo, 25 de julho de 2010

Asas coloridas - Um novo caminho


Você me pira as entrelinhas, confesso! Algo de estranho acontece toda vez que te vejo passar. Desejo sempre que você chegue, imagino teus passos até a mim. Tuas mãos me tocam o seio, e teus olhos, com esta cor que não entendo bem, me invadem e eu deixo, desejoooooo!!!!!
É bem grave o meu querer pelo teu corpo. Um sorriso distante, uma voz doce e macia. Preparo-me para quando vier. Mas você insiste em nunca chegar! Por quê? Não entendo... E desejo, sempre.
Te busco por aí. Passo horas tentando te achar. Passo horas tentando ser achada, por você, é claro... Porque demora tanto? Onde se esconde? Eu sei bem onde me escondo... Sempre deixo algumas pistas... Porque você não percebe? Já sei! Já sei! Foram os passarinhos que comeram as pistas... Da próxima vez eu marco melhor o caminho, no lugar do desejo, deixo as rosas, as flores, e também um pouco mais de vida. Quem sabe você percebe, que lá por aquele caminho, onde brotam as borboletas, eu me escondo e espero que venha logo ao meu encontro...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

É de vida que se vive.

O trabalho nos rouba um tempo precioso de vida. Isto é fato, mas como, de que maneira podemos recuperar este tempo roubado?
Hoje, um dia sem trabalho, pela primeira vez em quase um ano, saí do meu mundo físico para ver a vida sem propósito algum. Foi bom. Alias, foi espetacular. Foram apenas alguns minutos que me permiti divagar pelas ruas do centro da cidade sem ter que ir a lugar algum, andar sem objetivo específico, senão o de curtir, momentaneamente, a liberdade que me é dada e que é por mim tirada.
Sentir a rua quase vazia e tudo o que a forma, a compõe, suas minúcias e ver quem habita aquele espaço físico. Foi engraçado perceber que a cada hora um tipo de gente domina a rua. Os prédios, eles se modificam na calada da noite. Não sei, mas eles me pareceram mais imponentes, mais fortes, mais viris.
Na praça dos marginais, vi gente de bem, muita gente de bem, como dizem os que vivem em estereótipos, tinha lá, uma moça sentada sozinha, o que fazia ela, naquela hora, de braços cruzados como se sentisse frio, sentada, sozinha, bem no centro da praça dos marginais, seria ela também marginal? Sim, de alguma forma seria. Noutro banco, mais adiante, um casal de namoradas se abraçando, num amor tão intenso que interrompi com minha passagem, não teria, elas, um lugar adequado para expressar este amor, ou queriam elas, ali, naquele banco da praça dos marginais provar que o amor é mais, infinitamente mais do que as pessoas dizem? Mas porque se separaram quando passei, será que pensaram que eu pudesse ser o tipo de pessoa moralista?
Também tinha um casal de idosos, muito românticos, o velho parecia bêbado, mas um bêbado romântico. Será que ali, naquele exato momento eles se encontraram e resolveram se unir em delicias e vida?
Ao olhar o sinal a minha frente e perceber que estava fechado pra mim, eu, que nunca respeitei nada que impedisse meu caminhar, parei, ainda que não estivesse vindo carro algum, parei e decidi obedecer aquele sinal. Foi bom, parar por opção, interromper minha marcha constante só porque eu quis, se eu quisesse poderia ter passado, mas não, esperei, respeitei porque quis. Descobri, então, que a melhor forma de respeitar é aquela que se respeita em liberdade... Preciso incorporar isso na minha vida.
Liberdade, é, liberdade. Liberdade é meu maior norte, minha pedra filosofal, e por incrível que pareça, quando me senti em plena liberdade te quis ao meu lado. Você, que mal conheço, mas que já desejo de forma intensa. Você, que em poucas palavras abrandou minhas carências. Farei parte de sua vida como desejo? Provavelmente não, afinal, este não é o tempo de amar. Mas foi bom, foi realmente bom sentir, naquela esquina, a mais importante de toda a cidade, suas mãos, percorrendo de maneira suave meu corpo ainda que você jamais faça isso... E pousando, de modo a sustentar meu amor, suas mãos sob meus seios, me olhando fundo nos olhos e me sorrindo um sorriso que é só meu, porque roubei pra mim e você nem sequer percebeu.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O paraíso é aqui.

Desde que nasci tenho escutado que poderei alcançar o paraíso depois de morrer. Todas as religiões de uma certa forma pregam isso. Dizem também que se você tem que deixar de fazer um monte de coisas aqui pra que possa, como prêmio por ter deixado de ser você, fazer lá. Um exemplo claro que muito me apavora é aquele lance de defender determinada religião, até mesmo com a morte (sua e/ou dos outros que não professam o mesmo credo), será recebido no reino dos céus com não sei quantas virgens e muito ouro.
Estou cansada de ver tantas injustiças e tantas atrocidades cometidas em nome do deus que os homens resolveram criar. O deus do homem me cansou, bem como as palavras que dizem que ele disse. Não quero mais seguir este deus, que pra mim, nada significa. Quero hoje, poder me conhecer, e me conhecendo melhorar. Sim, evoluir enquanto ser, enquanto ente e enquanto mundo. Quero aprender a respeitar aqueles que não amo, e amar aqueles que respeito. Quero também me calar diante das asneiras que não puder combater e das loucuras que vierem a me consumir de forma destrutiva. Não sendo uma pessoa nula, mas sendo ativamente sabia, avaliando melhor quando devo agir, quando devo sair e quando devo parar.
Sou e não sou querida quase que na mesma proporção, e isso é normal. As pessoas tem o direito de me amar, mas também tem o direito de não me amar, de não querer estar comigo, de não gostar de como me comporto, de não querer me beijar, de não querer ser parte da minha vida ou de ser. Eu também tenho o mesmo direito, e o exerço de forma bem direta, as vezes cruel.
Enfim, sou eu, uma pessoa normal, que acredita viver em seu próprio paraíso, onde a imperfeição e o erro são as principais regras, tentando alcançar uma harmonia real com o todo que me cerca. Sou eu, uma pessoa real, que acredita no ser humano e na sua capacidade potencial de ser bom e justo, e que tem a certeza de que a maior parte da humanidade é boa e justa. Sou eu, uma pessoa qualquer, que na ânsia de “acertar” já cometeu inúmeras atrocidades verbais, e que decidiu não falar mais com as palavras dos outros. Sou eu, uma artista imatura, que busca crescer e transformar aquilo que nunca vai deixar de viver dentro de mim. Sou eu, uma criatura criadora, curiosa e sentimental, que tenta se melhorar pelo amor e pela fé nos homens, através de atos mais responsáveis e pesados, e porque não, apaixonados também? Sou eu, uma Neska em férias, que tem tempo pra viver suas próprias idéias e colocar em prática as coisas em que acredita.
Sou eu, uma mulher que se recusa a deixar de ser menina, e se sente muito feliz, cercada por suas telas, seus desenhos, seus textos, seus amores, mergulhada em sua consciência afim de desenvolver o respeito por tudo, com um livro em uma das mãos, uma colher de brigadeiro na outra e um sorriso largo no rosto, satisfeita por poder estar, vivenciando na terra, o paraíso prometido do céu.

sábado, 3 de julho de 2010

Armando Armado


Armando Armado destituiu-se de seu próprio pedestal. Pedestal este que ele mesmo viera a se colocar quando acreditou ser o mais mais mais do mundo. Ele não perdeu esta crença, porém, decidiu olhar o mundo de um outro ponto de fuga.
Armando Armado, como costuma se auto-chamar, desistiu de si mesmo e relegou o domínio de sua vida aquele a quem pudesse interessar. Não queria andar por suas próprias pernas, simplesmente porque acreditava que se daria melhor pegando carona na cacunda dos outros. Alguns trouxas, por sorte ou destino, se aventuraram a carregar Armando Armado. Pobres coitados, depois do fim que era por ele determinado, restavam destruídos e completamente desamparados.
Armando Armado era assim, sem meios e nem respeito, sugava o que de melhor existia em tudo que o rodeava. Não tinha tempo de dó, pena que nem sua mãe alcançou, morreu seca, feito árvore envenenada pelo seu fruto maior. Ninguém percebeu a miséria, não restavam outros vivos a sua volta.
Em sua solidão mental, Armando Armado sorria e debochava de todos que lhe amava. Não se importava com o que sobrava, mesmo porque, nem sempre sobrava. Quase nunca sobrava. Nada, como o coração vazio do desenho gelado.
Armado, Armando Armado conseguiu transformar em dor o mar, que banhava suas costas, antes translucidas, hoje desérticas. Ninguém jamais sobreviveu a sua estada, e, como um corvo agourento sempre se anunciava. Os mais entendidos desapareciam, mas aqueles, aos quais Deus, com sua infinita misericórdia, recheou com seu mais puro amor foram massacrados, feito bola de Paint-Ball atirada em capacete vazio.
Vadio, Armando Armado seguia seu curso, livre como tornado potente. Ninguém ousava atravessá-lo, impedi-lo, castrá-lo. Armando Armado era pior...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A voz do vento no silêncio do Azul


Ela era investigadora de mundo e sabia que esperteza, esperteza mesmo, não era seu forte. Apesar disso, não gostava de seguir as pistas convencionais, tinha tara pelas pistas que vinham com o vento. Ela queria saber falar a voz do vento. Já entendia qualquer coisa, mas ainda ficava perdida, bem perdida.
Todas as noites, assim que chegava em casa para o seu merecido descanso, parava frente a janela do seu quarto, que na realidade era uma sala, engolia seu dedo indicador e este lhe conectava com o vento. As vezes ele gritava, ela sorria. Noutras ele sussurrava e aquilo fazia com que todos os pelos de seu corpo arrepiassem, ela gemia. Tinha um misto de beleza e dor naquilo tudo. Ela estava aprendendo a esperar. Ainda não sabia ao certo se gostava ou não, mas aquilo, de alguma forma, lhe fazia bem.
Olhava o azul infinito e ouvia a voz do vento. Nem sempre tinha vento. Nem sempre tinha azul. O cara sem olho a olhava incessantemente. Ele conhecia seus segredos. Conhecia também os segredos do vento. Apesar de ter boca, o cara sem olho seguia em frente, calado! Nunca dissera uma só palavra. Mesmo! Ela entendia seu silêncio. E invejava. Não sabia ficar quieta, alias, sabia, mas não gostava de enganar, esconder, omitir. Achava justo que as pessoas soubessem o que se passava em sua cabeça. Ela falava tudo na-la-ta! Como dizem as más línguas. Nem sempre ela se dava bem. Na maior parte das vezes ela nãããão se dava bem! Enfim, aquele era o caminho por ela escolhido.
Seguia. Sua vida caminhava como era de costume, e, de vez em quando o vento rompia o silêncio do azul e lhe trazia novidades. Isto era, para ela, um momento mágico. Até que ela pôde perceber que lá dentro algo era modificado... vivia um momento de caos e aguardava a nova ordem. O azul a seduzia de tal forma que as vezes ela chegava a ver nele o brilho do verde. Ela sorria novamente e aguardava ansiosa a próxima pista no vento.