como sinto tudo!




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Por dentro do chapéu

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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Em resposta

Não sabia ela o quanto daquilo era verdade. Tinha escrito ele três frases que perfeitamente lhe cabiam. Ora, porque motivo ele não lhe destinara diretamente aquele acúmulo de palavras?
Foi assim: na primeira, com ar de orgulho macho, lhe esnobou com uma deixa afirmativa; Na segunda, tentando confundi-la, a desejou de forma confusa e imprecisa; Na terceira, submisso, porém ausente,se dispôs a continuar... supõe!
Ela se confunde... e segue inspirada, tentando tomar pra si aquele sujeito misterioso. Ela se despe, ele se perde em meio a distancia que os separa... como um coringa, faz surgir seus truques... e ela sempre cede, porque quer!Mas se preocupa com a demora...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Acontece!

Pensando na dor da princesa traída, terminou seu cigarro, escovou os dentes, fez um bochecho rápido com um branqueador barato, ajeitou o cabelo em frente ao espelho e foi, ao encontro do destino.
Acreditava em astrologia. Acreditava a tal ponto, que quando era reprimida por algum tipo de comportamento inadequado, pensava: os astros são os culpados, eles me fizeram assim. Merda de marte em escorpião, isto me deixa muito agressiva. Foda-se!
8 quadras até a próxima parada de ônibus, passos lentos e a idéia fixa na traição que tinha sofrido a princesa. Ofegante, corre alguns metros para conseguir alcançar o ônibus que já estava no ponto. Sorri largamente quando entra, e pensa no quanto deve ser rica a vida de um motorista. E tediosa. Se escora em um ferro, pois todos os assentos estão ocupados e se compadece com uma velha mulher, de olhos esbugalhados, que segue, igualmente em pé. Pensa como são injustos os jovens que não sedem lugar a estas criaturas cansadas. Três pontos depois, uma cadeira vaga em sua frente. Ela senta e se nega a reconhecer as injustiças etárias que ocorrem dentro do transporte público urbano.
Terminal de ônibus. Agitada, desce e procura a placa de parada da linha que precisa. Segue e se posiciona bem na ponta da flechinha que indica o lugar exato em que a porta irá abrir. Se sente orgulhosa. Finalmente poderá escolher o seu lugar. Posiciona-se, ao seu lado, encosta uma senhora tensa, com todas as partes do corpo comprimidas. Ofendida, da um passo a frente tentando garantir o lugar que lhe é de direito. Vira a cara.
Passos rápidos, agora o tempo a pertencia novamente. Din-don! Din-dom! a porta abre e uma luz dissipada foge pela sua fresta. Ouve um grito: entra! Deixei o portão aberto. Clack! O barulho do fechamento do portão lhe pareceu mais alto que de costume. Tum-tum! Tum-tum! Tum-tum! O coração dispara, as mãos gelam, o sorriso empedra e os passos se seguem mais lentos, quase parados. Não podia entender o porquê daquilo, nada havia feito de anormal.
O dono da casa veio ao seu encontro, questionando o porquê de tanta demora, e a puxou pelo braço. Ela fechou a mão afim de que ele não percebesse sua temperatura. A casa estava uma penumbra, e no fundo da sala escura pode perceber um vulto calmo e majestosos que produziu um som bem parecido com um oi qualquer. Ela ficou muda. Então, aquele vulto veio ao seu encontro e tinha um cheiro que envolvia qualquer um que se aproximasse.
Boa noite, eu sou o Marco, amigo de infância do Lucas, muito prazer! – silêncio – seu nome? Como é seu nome? E com uma voz quase que imperceptível ela pode responder: Michele. Como? Perdão! não entendi. Nisso, Lucas interveio salvando-a daquela resposta complexa: Michele, o nome dela é Michele. A Michele é uma grande amiga minha, a melhor, diria! Somos unha e carne, mais que isso, somos mais... Enquanto isso, Michele acompanhava com o olhar inquieto e o corpo estático, os movimentos dos dois na sua frente. Não escutava nada. Não entendia nada. Estava ali, imóvel e nem sabia o por que.
Até que percebeu Lucas comentar com o amigo: nossa, a Michele esta tão estranha hoje, nunca a tinha visto deste jeito, deve ter se impressionado com a sua presença! Assustada com aquele comentário, soltou uma falsa e estridente gargalhada. Todos riram! Conversaram, jantaram, beberam e o amigo se foi. Naquela noite, Michele precisou se alojar ao lado do amigo-irmão para que pudesse conseguir dormir. Dormiram de conchinha e no outro dia, ao acordar, pouco se lembrava do ocorrido, em sua mente só havia lugar pra uma coisa: Marco.
Banho, café, carícias e alguns comentários perdidos foram suficientes pra que pudesse reunir suas forças e enfrentar duas horas de ônibus lotado até chegar a sua própria vida. Todo o percurso foi repleto de Marco. O via em todos os lugares, buscava seu cheiro, seu vulto, seu gosto que ainda não provara, mas que já sabia que era o melhor.
Ao entrar em casa quase que não se reconhece. Busca as marcas de Marco, com a certeza de ele já ser parte de toda sua existência. Não encontra nada que o identifica. Se sente sufocada, as mãos geladas, o coração acelerado, os passos lhe faltam e então ela grita a dor da perda daquele homem que era tão seu.

domingo, 27 de junho de 2010

Positivo.

Positivo.
Positivo! Era isto que estava escrito naquele pedaço de papel sem vida. Naquele momento senti que minha vida tinha acabado. Positivo! Aquele termo martelava de forma constante em meus pensamentos, e não sabia mais o que fazer além de tentar entender o que deu errado.
Positivo, ponto. Com frieza e crueldade, aquela palavra, única e repleta de significados, explodiu dentro de mim. Choro histérico, desespero, idéias confusas... Mascar folha de boldo, tomar chá de canela, a Celina vai pro Paraguay! Beber até entrar em coma. Rolar ladeira abaixo, cair da escada, enfiar uma agulha pra ver se cai... Contar pro pai! Contar pro pai!!!
Muitos meses se passaram e aquela palavra me acompanhou, crescendo e tomando forma. As coisas se ajeitaram, tinha quarto, colchão e roupa. O Tum-tum ganhava mais vida a cada dia, e eu me impressionava com a capacidade daquilo se desenvolver. Nunca havia me imaginado naquela condição.
- Socorro! Socorro! Acho que fiz xixi na cama! Ta doendo! Ta doendo muito! Ninguém me ajuda!!! Ajudaaaaaaaaaa!!!!!!!! E o vizinho rompe o desespero, invadindo porta a dentro seu pequeno mundo.
Ambulâncias, sirenes e luzes, muitas luzes. Máscaras, tocas, tubos, canos, metais... muito barulho de metal... e um choro! Um berro! Um estouro!
Uma mistura de elementos, um pedaço de gente e muito sangue. Ele se aproxima, eu beijo. Risos e festa! É uma menina! E uma menina! Termine todo o procedimento e leve pro pai ver. Leve-pro-pai-ver... Leve-pro-pai-ver! Pai?

sábado, 26 de junho de 2010

590 PALAVRAS PARA UM AMOR QUE NÃO NASCEU.

“Aos caminhos, eu entrego o nosso encontro.”
Caio Fernando Abreu.

Teus olhos, decepcionados, encontraram finalmente os meus. Aquele foi o sinal de que nunca mais o teria novamente (se bem que nem cheguei a ter, mas queria).
Vida cheia, carteira vazia e muitos esforços pra sobreviver! Nenhuma novidade, até então. Viví e pronto. Números, escola, faculdade, eventos culturais, amigos, conversas longas e prazerosas. Canções! Teve de tudo nestes quase 5 anos que não nos vimos. Confesso, que nas poucas vezes que te encontrei senti imensa vontade de te beijar, assim, sem vergonha mesmo, mas me disseram que não podemos fazer isso... Ceder às próprias vontades pode ser um tanto perigoso. Fatal!
Ok, vontades a parte, encontros raríssimos, sonhos sonhados e não concretizados, acontecimentos sem importância, na maior parte dos dias, preenchem o vazio da minha existência. Novamente vivo.
A bem da verdade é que esteve sempre nos meus pensamentos, mesmo de longe, mesmo bemmmm distante, sempre habitou um pedaço, pequeno, reconheço, dos meus mais puros desejos. Acho que andei meio ocupada nestes tempos idos, também, eu nem sabia teu nome. Sabia que era diferente, e só.
Queria, naquele momento, poder encontrar alguém com quem pudesse compartilhar meus mais secretos desejos, e eis que me deparo, naquelas páginas virtuais, com um convite amistoso. Lá, naquele pedaço colorido de informação eu senti que poderia te encontrar. Achei o nome que poderia ser seu. Busquei, naquelas mesmas paginas virtuais (já havia buscado antes, mas sem saber teu nome, não consegui encontrar), você. Encontrei. Estava mais lindo que nunca. Nossa, senti a vitória correr por minhas veias.
Agora, de alguma forma fazia parte da minha vida. Tentei te encontrar e não consegui. Snif! Plus enfin, c’est la vie!
Saí, como de costume, pra celebrar a solidão em meio aos estranhos, acompanhada de algumas amigas. Falei com você, sem saber que era você. Depois soube. As idéias rolaram mente a dentro. Te vi, você nos esperava sem saber que eu estava junto, mesmo porque, quem iria imaginar que eu pudesse estar junto. Mas como eu queria que você estivesse a me esperar.
Falamos, bebemos, rimos e você se foi, assim, sem nenhum tchau, sem nada. Tudo bem, nós fomos também, mas eu dei tchau.
Outro bar, outros estranhos, muiiiiitos outros estranhos... Um pedaço do passado se apresenta e eu me alivio. Vejo que minha capacidade de destruição é bem menor do que suponho. Agradeço e fico feliz. Mas você ainda está lá, não me abandona, ainda mais depois de toda esta proximidade.
Em casa, vejo as fotos que tenho acesso (são poucas, porque te exclui daquele pedaço virtual de mundo devido as perturbações que tua imagem me causava), e te desejo.
Durmo bêbada, pensando em pegar teu numero, te ligar, te roubar pra mim, mesmo, assim na cara dura. Durmo mesmo!
Dia seguinte, ressaca mansa, desejo ardente. Brinco com sua imagem e me satisfaço, momentaneamente. Você aparece, assim, todo lindo, e eu, feliz, corro ao teu encontro. Falo, falo, falo o tempo todo, nem sei porque fiz aquilo! Você vai, mas agora, com toda delicadeza me da um tchau que fere, de leve, pois toma o lugar do convite, que desejei. Eu iria a qualquer lugar pra poder ficar ao teu lado. Você não estava com a mesma vontade.
Como sempre, preenchi meu dia com muitos atos solitários, outro dia, outro dia, outro dia... E você nem liga, nem vem, nem percebe, nem imagina o quanto estou tentando segurar a imensa vontade de te pegar pra mim...
Pensava ela ter o poder de voar e por isso voava. Olhava tudo de cima e nada o que acontecia na terra, lhe dizia respeito. Claro que com alguns acontecimentos mais graves ela se compadecia, mas de resto, nada lhe afetava. Vivia só, ela era pertencida pela solidão e nada fazia contra isso. Mesmo porque desconhecia o prazer da companhia.
Tinha uma vida bem normal, comia o que fora de costume comer, bebia tudo o que apreciava, mesmo que fizesse mal, não se importava, a menina era dada aos pequenos e delicados prazeres da vida.
Num dia de chuva, com trovões e tudo mais, a menina sentiu medo. Só não sabia o que fazer com ele. Pensou que pudesse estar doente, e ficou! Caiu de cama, muitos graus de febre, alucinações e desespero. Morreu!

É isso!

Solidão, que conhecia em contos, palavras, manifestações distantes da minha realidade conturbada. Ouvia dizer que seus danos são gravíssimos, e que, mesmo depois de uma vida repleta de solidão, a alma não se acostuma com seus caprichos e conseqüências.
Solidão, coisa presente no ser, que se desfaz em lágrimas tenras e complexas. Como explicar isto que acontece lá dentro, sem controle e nem contrato. Isso que consome, e destrói, e escraviza, e deixa vulnerável, a mercê de toda e qualquer armadilha que possa aparecer atrás de um sorriso doce, afável.
Como curar esta doença que nos toma a vida e nos transforma em gente? É, a gente cai... e cair na solidão é a maior das provas.
Lembro-me de minha ingênua e idiota crença de que a solidão era um tipo de frescura daqueles que queriam fazer drama. De que não passava de um sentimento vil, ao qual toda humanidade relegasse demasiada importância. Não acreditava poder existir. Me ferrei! Sofri! Caí! Agora estou aqui, atolada em seu lamaçal. Fede!
Sim, os bichos com os quais sou obrigada a conviver agora me devoram e deixam triste. Acontece... estou amarrada em frente ao espelho e não vejo saída. Os meus se preocupam, é evidente. Mas nada podem fazer. Não há cura! Penso, repasso milhares de vezes tudo que me restou da vida que tive até aqui. Peso, corto, dilacero minha alma e me envergonho, novamente, com tudo o que vivi. A lembrança da dor é tão cruel como a dor, deve ser por isso que nunca fiz questão de lembrar.
Mas agora, aqui, neste canto de mundo, não tenho muito o que fazer, senão me apegar as lembranças e com elas montar meu leito de núpcias. Tive sim dores na vida. Mas confesso, desta provocada pela solidão nunca havia chegado perto.
Antes da morte, esta que me trouxe ao calabouço, restava ainda muita coisa legal de tudo que eu sou. Eu via isso. Agora, neste reflexo que observo, não vejo nada de bom! Na-da!
Penso que isso possa ser um pesadelo, uma fantasia infantil sem nexo e num contexto enfadonho... quem sabe... as vezes, a realidade não é o que vemos.